Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

A Titi já volta

A Titi já volta

Um dia nas ilhas Curieuse e St Pierre

Tartarugas gigantes e vida marinha nas Seychelles

InShot_20221127_174025859.jpg

Um dia passado em plena natureza, rodeada de animais e de um mar quente e azul. Esta é a melhor forma de descrever a minha passagem em mais duas ilhas das Seychelles.

A menos de 1 Km da ilha Praslin é possível visitar duas ilhas muito especiais. A única forma de as conhecer é de passeio de barco. Seja num tour em grupo ou numa viagem privada, estas ilhas são recomendadas aos amantes da natureza.

Neste post descrevo a minha experiência nas ilhas Curieuse e St Pierre.

 

Ilha Curieuse:

Foram apenas 15 minutos de barco desde Praslin até à ilha Curieuse, que tem cerca de 2,9 Km2. A curta e cénica viagem de barco e a deslumbrante cor do mar fizeram-me logo antever que seria mais um dia paradisíaco.

InShot_20221127_164734238.jpg

No passado esta ilha era chamada de Ile Rouge devido à cor avermelhada da terra. A sua história está marcada por vários incêndios, que destruíram as árvores nativas, e foi também local de isolamento de pessoas com lepra.

Nos anos 70 a ilha foi declarada parque nacional marinho para proteção da vida selvagem. Um projeto de conservação trouxe as tartarugas gigantes, endémicas das ilhas do Atol de Aldabra, para esta ilha onde são protegidas. Desta forma, foram as maiores tartarugas terrestres do mundo que repovoaram a ilha e são atualmente a principal atração.

Desembarcámos na ilha em Baie Laraie onde centenas de tartarugas gigantes nos receberam. Estas tartarugas selvagens vivem no seu habitat e em liberdade. E essa liberdade e felicidade são visíveis na forma como interagem com os visitantes. Na ilha La Digue as tartarugas tinham um ar triste, mas aqui são muito curiosas.

InShot_20221127_170648834.jpg

O programa de conservação separa as tartarugas pequenas que só depois de completarem dez anos é que vivem em liberdade na natureza. Trata-se de uma espécie de berçário onde ficam protegidas dos predadores, como os ratos, e também dos humanos. Infelizmente, existiam pessoas que visitavam a ilha com intenção de roubar as tartarugas.

InShot_20221127_170915199.jpg

O guia compartilhou várias informações e curiosidades sobre a vida destas tartarugas que são o animal vivo mais antigo do mundo.

No século XIX esta espécie esteve quase em extinção. Atualmente, e apesar de excederem a população humana das Seychelles, o risco de extinção existe e por isso a sua proteção é muito importante.

Vivem em média cerca de 150 anos e as fêmeas são mais pequenas que os machos. As fêmeas costumam pesar cerca de 150 Kg e os machos chegam a pesar mais de 250Kg.

A carapaça tem uma média de 122 cm e é fortemente irrigada com terminações nervosas. Qualquer lesão nesta zona provoca fortes dores ao animal. O pescoço é muito comprido e é o que lhes permite adquirir alimento, sendo principalmente herbívoros.

As tartarugas só começam a reproduzir-se a partir dos vinte anos. Colocam entre 5 a 15 ovos e apenas metade será fértil.

InShot_20221127_171523727.jpg

Tivemos algum tempo livre para estar com as tartarugas e depois iniciámos uma caminhada por aquele que é considerado o mais longo passadiço nas Seychelles. Apreciámos as belezas naturais da ilha e contactámos com a fauna e flora.

O trilho de cerca de 1,5 Km pela floresta manguezal permitiu observar enormes rochas de granito. O facto desta ilha ter uma origem granítica fez com que tenha uma flora característica. Esta ilha não é só a casa de tartarugas, mas também de palmeiras Coco de Mer, manguezais, tubarões-limão bebés, papagaios pretos e outras espécies em vias de extinção.

InShot_20221127_172048488.jpg

Os únicos locais onde a palmeira coco de mer cresce naturalmente são nesta ilha e na reserva natural Vallée de Mai na ilha Praslin. Este passeio também é acompanhado por um aroma a canela e baunilha.

InShot_20221127_173606861.jpg

A caminhada demorou cerca de 45 minutos e terminou do outro lado da ilha em Anse St Joseph. É aqui que se encontra uma praia paradisíaca e uma casa colonial. No século 17 era nesta ilha que morava o único médico da região, onde construiu uma casa de arquitetura colonial. Esperava encontrar na Doctor house um museu nacional com a história da ilha, mas estava fechado.

Chegou depois a altura de saborear um churrasco local que incluía peixe, carne e vegetais. Foi uma oportunidade de experimentar a deliciosa comida local, onde o molho de caril de coco está sempre presente.

InShot_20221127_203336039.jpg

Depois do almoço tivemos cerca de meia hora livre na praia.

InShot_20221127_203501151.jpg

O barco recolheu o grupo nesta praia e o tour continuou em direção à ilha de St Pierre.

 

Ilha St Pierre:

St Pierre é uma ilha muito pequena e deserta, localizada a leste da ilha Curieuse.

A ilha tem grandes rochas de granito com palmeiras e está rodeada pelo mar com uma cor fascinante. A sua beleza é indiscutível e já apareceu em várias campanhas publicitárias das Seychelles. Não é possível desembarcar em terra e a sua principal atração encontra-se no mar que rodeia a ilha.

InShot_20221127_203803905.jpg

A ilha St Pierre é conhecida por ser o cenário ideal para contactar com a vida marinha através de uma autêntica experiência de snorkeling ou mergulho. Além dos inúmeros peixes coloridos de recife e tartarugas marinhas que costumam habitar as águas, existem também pássaros tropicais que sobrevoam em redor da ilha.

Esta ilha também faz parte do Parque Nacional Marinho Curieuse e por isso não é permitido pescar.

Infelizmente, esta ilha já não é o mesmo paraíso para mergulho como foi no passado devido às consequências do aquecimento global. O fenómeno El Niño é um evento meteorológico em que a temperatura da superfície do mar sobe no oceano índico e acaba por destruir os corais vivos. Em 2016, este fenómeno fez com que a temperatura média da água fosse de 30ºC durante quatro meses consecutivos. Nas ilhas graníticas a recuperação de corais é muito lenta e ainda são visíveis os estragos deste último evento. Pode acontecer a cada dois ou seis anos e tem consequências graves sobre o ecossistema. É um assunto muito importante e que faz pensar que daqui a poucos anos toda esta beleza e vida marinha pode acabar definitivamente.

InShot_20221127_204349197.jpg

Apesar da maioria dos corais não terem vida, esta ilha ainda é rica em peixes. Adorei a experiência de fazer snorkeling nestas águas transparentes onde me cruzei com centenas de peixes de espécies diferentes e de todas as cores, formas e tamanhos.

Alguns dos peixes mais abundantes que encontrei em redor das rochas foram o peixe cirurgião zebra, o peixe cirurgião-patela (Dory) e o esturjão-adriático. Só não tive a sorte de avistar uma tartaruga marinha.

InShot_20221127_204741165.jpg

A experiência de snorkeling durou cerca de uma hora e depois regressámos a Cote d' Or, na ilha Praslin.

 

Fiz este tour de cinco horas com a empresa kreol adventures. Reservei antecipadamente e existem várias opções. A opção completa com almoço teve um custo de 70€ e é também obrigatório pagar uma taxa de 300SCR para entrada e preservação deste parque marinho.

A interação com as tartarugas foi uma experiência única e as paisagens durante o trilho foram uma agradável surpresa.

A ilha St Pierre continua a ser um local popular porque apesar das águas serem pobres em corais continuam a ser ricas em peixes.

Espero que os programas de preservação destas ilhas consigam cumprir os seus objetivos e que este paraíso não desapareça.

Curieuse e St Pierre foram mais duas ilhas onde criei memórias muito especiais das Seychelles.

 

Até à próxima ilha!

Titi