Vila Viçosa - história de um castelo, palácio e museus
O que visitar nesta viçosa vila?
Considerada Princesa do Alentejo, Vila Viçosa é uma vila com herança cultural. Local onde o mármore é rei, é possível conhecer um castelo medieval, igrejas, museus e um palácio real. Podemos apreciar o rico património arquitetónico em cada recanto da vila.
Esta vila no coração do alto Alentejo foi o local escolhido para passar um fim-de-semana.
Partilho os locais que considero mais importantes e que deve visitar numa passagem por esta viçosa vila.
- Praça da República:
É no centro da vila que encontramos uma agradável praça repleta de laranjeiras.
Num dos extremos da praça está a Igreja de São Bartolomeu, famosa pela sua fachada em mármore. Trata-se de um exemplar clássico da arquitetura barroca.
É uma agradável praça para um passeio, estando presentes várias homenagens como a Estátua de Bento Jesus Caraça e o busto de Florbela Espanca.
Com um aroma a laranja ainda podemos apreciar a Igreja da Misericórdia e o cineteatro Florbela Espanca. Está também presente uma fonte em mármore branco com várias bicas.
No outro extremo da praça começamos a vislumbrar o castelo.
- Casa de Florbela Espanca:
Florbela Espanca foi autora de importantes sonetos e contos da literatura portuguesa. A poetisa nasceu em Vila Viçosa e viver intensamente era o seu lema de vida.
Numa rua junto à Praça da República, no número 59 da Rua Florbela Espanca, encontramos a casa onde a poetisa viveu. É uma pena ver a casa abandonada e em degradação.
A poetisa dedicou alguns dos seus poemas a Portugal e ao seu Alentejo.
- Pelourinho:
O pelourinho de Vila Viçosa fica de fronte à Torre de Menagem.
- Castelo
Foi mandado construir por D. Dinis no século XIII.
A fortaleza, construída no século XVI, defendeu a vila na Guerra da Restauração.
Passei as muralhas a partir da rua de Estremoz que vai dar até ao Santuário de Nossa Senhora da Conceição. Neste santuário está a capela de Nossa Senhora da Conceição, em honra da padroeira de Portugal. Ao lado está o cemitério onde se encontra a campa de Florbela Espanca.
Depois de percorrer as ruas em volta das muralhas fui até à fortaleza artilheira do castelo.
Atualmente, o castelo alberga o Museu da Caça e o Museu da Arqueologia. A visita custa 3€ e pode ser visitado no horário: 10-13h e 14-18h.
- Terreiro do Paço
O Terreiro do Paço de Vila Viçosa está rodeado de importantes monumentos.
No centro desta praça quadrangular que destaca o mármore está a estátua equestre do rei D. João IV.
Paço Ducal:
Mas o grande destaque da praça é o Paço Ducal, um magnífico edifício revestido de mármore. A fachada com 110 metros de comprimento domina o Terreiro do Paço.
Foi mandado construir em 1501 por D. Jaime, IV Duque de Bragança, sendo residência da família até 1910. Inicialmente foi a sede da Casa de Bragança e tornou-se casa reinante quando D. João IV foi aclamado Rei de Portugal.
O palácio foi sofrendo obras e adaptações ao longo das várias gerações.
D. Manuel II, último rei de Portugal expressou em testamento a sua vontade de ser criada a Fundação da Casa de Bragança de forma a preservar o património da Casa de Bragança.
A sua vontade foi cumprida e hoje em dia encontramos a Fundação Casa de Bragança com um conjunto de museus.
A visita é acompanhada por um guia e é possível visitar quatro núcleos museológicos.
Considero obrigatória uma visita ao palácio a quem passar por Vila Viçosa. Além da bela fachada em mármore, uma visita ao interior recorda a história de Portugal e da monarquia portuguesa. São inúmeros os tesouros a descobrir no interior do palácio.
Na visita ao Paço Ducal é percorrido o andar nobre onde podemos apreciar coleções de pintura, tapeçarias, esculturas, mobiliário, cerâmica e ourivesaria.
Os tetos pintados e as lareiras em mármore tornam o espaço ainda mais imponente.
Permanecem as memórias dos dois últimos reinados. Foi neste palácio que o rei D. Carlos dormiu a última noite antes de ser assassinado em 1 de fevereiro de 1908. O quarto mantém a decoração original e inclui quadros pintados pelo rei.
Depois de apreciar as nobres salas, a visita termina na espantosa cozinha que inclui bastantes utensílios em cobre.
A vasta coleção permitiu à Fundação dividir as peças de acordo com a temática, tendo sido desenvolvidos vários núcleos museológicos.
No Paço estão instalados a biblioteca, a Armaria, o Tesouro, a Coleção de Porcelana Azul e Branco da China e a Coleção de Carruagens.
Nas antigas cocheiras pode-se por exemplo admirar o landau que transportou a Família Real no dia do regicídio.
Foi uma visita culturalmente enriquecedora com recordações da história de Portugal ao mesmo tempo que apreciava arte.
Horário: 10-13h e 14-17h
Preço: Paço Ducal - 7€; Armaria – 3€; Coleção de porcelana chinesa – 2,50€; Museu das carruagens – 3€
Uma vez que não é permitido fotografar os vários espaços do Paço Ducal, pode consultar aqui o site da Fundação com fotografias para ficar com uma melhor ideia do que é possível ver.
Igreja e Convento dos Agostinhos:
Uma igreja de estilo barroco está situada em frente ao palácio e foi o primeiro convento e casa religiosa a ser instituído na vila. É onde se encontra o Panteão dos Duques de Bragança.
Igreja e Convento das Chagas:
D. Jaime mandou construir este convento para o Panteão das Duquesas de Bragança. A igreja de estilo renascentista tem a fachada com mármore da região.
O Convento das Chagas de Cristo foi adaptado e é atualmente a pousada D. João IV.
- Tapada Real
No norte da vila encontramos a Tapada Real que corresponde a um antigo couto de caça. Integra a propriedade da Fundação da Casa de Braganca.
Foi inicialmente criada por D. Jaime e a Porta da Tapada servia o Paço Ducal. Tem uma área de cerca de 1500 hectares e existem seis portas de acesso.
- Varandinha dos Namorados:
Próximo da Porta da Tapada encontrei uns miradouros com vista panorâmica sobre a vila. Têm vista sobre o castelo, terreiro do paço e pedreiras.
- Museu do Mármore:
O museu foi inaugurado em 2000 na antiga estação de comboios. Neste momento, situa-se junto à pedreira da Gradinha, no Olival da Gradinha, na saída para Borba.
As pedreiras de mármore da região de Vila Viçosa, Borba e Estremoz são exploradas há 2000 anos. Distinguem-se pela qualidade desta rocha ornamental que é explorada para todo o Mundo. Foi no sentido de valorizar o maior centro extrator de mármore de Portugal que este museu foi criado.
A atividade exploradora do mármore é conhecida desde a época romana. Aliás, os romanos chamavam Marmol, que significa pedra branca ou pedra de qualidade.
O museu descreve a componente geológica, mostra a componente tecnológica com o ciclo de transformação do mármore num produto, e por fim algumas peças demonstram a expressão artística.
Em primeiro lugar, é explicado através de imagens a atividade extrativa do mármore.
É também apresentado o processo de formação da pedra, como está distribuída na região e a sua caracterização físico-química.
Depois passamos à parte da extração. São mostradas algumas peças rudimentares e equipamentos que eram utilizados nesta fase.
Continuamos a visita para a fase da transformação. Algumas alusões visuais e peças dão a conhecer o ambiente laboral de transformação do mármore em produto. É igualmente mostrado as medidas padrão de exigência e as várias características do mármore.
Por fim, podemos observar algumas obras de arte feitas com o mármore. Mais uma vez constatamos que o mármore é elemento de requinte na decoração.
No final da visita visionei um filme intitulado “Vila Viçosa … Vila de Mármore”.
No exterior do museu ainda é possível apreciar algumas peças de mármore e maquinaria.
O museu é pequeno, mas com informação completa. A visita é bastante esclarecedora sobre a complexidade inerente à indústria do mármore.
A visita tem um custo de 1,55€ e pode ser visitado no horário: 9h30-13h e 14h30-18h.
Nas traseiras do museu ainda consegui ver a Pedreira da Gradinha que se encontra desativada há mais de trinta anos. Faz parte da história do mármore português.
Existem outros importantes museus em Vila Viçosa, que infelizmente não tive oportunidade de visitar. Certamente ficaram para uma próxima visita à vila.
- Museu Agrícola e Etnográfico
Situado na antiga estação da CP.
Horário:
Verão: terça a domingo 9h30-13h / 14h30-18h
Inverno: terça a domingo 9h-12h30 / 14h-17h30
- Museu de Arte Sacra
Situado no antigo Convento de Santa Cruz, na rua Florbela Espanca.
Horário: 9h-17h
- Museu do Estanho
Situado no Largo Mariano Presado.
Horário:
Verão: terça a domingo: 9h30-13h / 14h30-18h
Inverno: terça a domingo: 9h-12h30 / 14h-17h30
- Igreja de Nossa Senhora da Lapa:
Situada no Carrascal, o mármore está uma vez mais representado neste templo de arquitetura barroca.
- Cruzeiro
O cruzeiro de Vila Viçosa encontra-se em frente à igreja da Lapa. Divide-se em duas partes abraçadas pela serpente. Simboliza a redenção do pecado e a esperança da salvação.
Alojamento em Vila Viçosa:
Fiquei alojada no magnífico Alentejo Marmòris Hotel & Spa*****.
Foi uma soberba experiência que partilhei em outro post. Não deixe de ler o meu testemunho sobre este hotel. Pode ler aqui.
Gastronomia:
Como já é sabido a gastronomia Alentejana e os vinhos de qualidade são mais uma atração da região.
Conjugar a história e património à gastronomia é sempre uma ótima opção.
Nesta descoberta de sabores escolhi o restaurante O Paço Ducal Vila Viçosa. É um restaurante típico alentejano onde fui muito bem recebida e tudo estava saboroso.
Esta foi a minha história por Vila Viçosa. Fiquei encantada com esta viçosa vila rica em história e cultura.
Até à próxima escapadinha!
Titi
Para mais dicas e inspiração visite o meu instagram @atitijavolta